sábado, 27 de fevereiro de 2016

BULLING NA ESCOLA, A PIOR FORMAS DE PERSEGUIÇÃO

      BULLING NA ESCOLA, A PIOR FORMAS DE PERSEGUIÇÃO

    O bulling é uma realidade, triste, mas que se estende como uma epidemia no circuito escolar. Frequentemente nos deparamos com notícias que abordam sobre o tema e a cada vez nos deparamos com a pergunta de como e por que isso vem ocorrendo, principalmente nas escolas, local esse instituído como o segundo local favorável à socialização; perdendo somente pela família.
   Poderíamos nos questionar sobre o que está acontecendo nas escolas e o primeiro passo para responder essa questão é que a escola se conscientize da existência do bulling e que contemple em seu projeto pedagógico estratégias de conhecimento de onde ele começa, como ele acontece e tomar medidas práticas de curto e longo prazo para preveni-lo e inibir tais perseguições antes que ocorram consequências trágicas para o estudante e também para a instituição que ficará marcada por não ter agido de forma adequada dada a importância do assunto.
    Resumidamente o bulling é um ato de violência e ou perseguição que se dá entre colegas e, entende-se como colegas, estudantes da mesma escola, independentemente de estarem na mesma classe. Supõe-se também que é uma relação assimétrica de domínio x submissão, ou ainda de dominador e subordinado onde o primeiro impõe sua força ou poder sobre a vítima trazendo grandes prejuízos sócio emocionais para esse último.  
Acrescento ainda que o bulling, na maioria das vezes é um ato dissimulado, implícito, que envolve valores sociais deturpados e que muitas vezes não se condena, mas se aceita como algo natural entre as diversas etapas da vida (fazes) de afirmação e, o pior ainda, é ouvir que atitudes dessa natureza fortalece o indivíduo deixando-o preparado para as adversidades da vida.

    Como se não bastasse vivermos em uma sociedade onde o poder, quer econômico ou social impera, ainda temos que conviver com aqueles que em nome do êxito primata submetem os menos favorecidos ou que não têm como discorrer sua opinião às suas condições de domínio, porque o êxito se iguala ao poder e esse poder nada mais é do que o domínio do mais forte sobre o mais fraco. Aceitar o bulling é nada mais do que aceitar o dito popular “quem pode mais, chora menos.”
    Midiaticamente falando, a imagem que se propaga de pessoas que tem êxito social por terem mais dinheiro, carros, casas, e indumentários melhores que outros, imagens que enfatizam valores onde o ter sobrepõe ao ser pode num primeiro momento ser estimuladora da busca pelo êxito, mas elas a longo prazo incorrem em danos irreversíveis nas crianças, pois não trabalham a aceitação de perdas, que nem sempre o melhor é o que tem mais, e esses acabam crescendo com modelos de personalidade que favorecem a violência para que conquistem seus objetivos.
    Enquanto vivermos numa sociedade que não se educa pelo respeito às diferenças, que frequentemente pessoa criticam, embora de maneira sutil e inconsciente o “diferente”, através de pequenos gestos que aparentemente não são dada como violentos, estamos atrelando na criança que sigam o nosso modelo de atuação.
     Desta forma, não prospera, no meu ponto de vista, criarmos leis que impõe penas a quem age indiscriminadamente se não tivermos o respeito pelas diferenças como base de nossa educação.  O que vemos, então, é o famoso “não faça isso, pois é crime” e muitas vezes inafiançável de acordo com nosso código penal.
No entanto, entre “quatro parede” o que se percebe são atitudes contraditórias onde pais acabam defendendo seus filhos quando alegam “não se deu conta disso...”, “asseguro que não fará novamente...” “a culpa é de fulano que o instigou a ....”. Agindo assim, o que vimos é uma educação voltada para a irresponsabilidade e conivente com a violência imposta por seus próprios atos. E sob esse cenário educativo é lógico que esse tipo de violência se estenda pelas escolas lembrando que o bulling acontece de forma velada.
    O bulling, na maioria das vezes, começa de forma muito sutil, com pequenas atitudes e gestos. Uma briga mais acirrada em um dia, um insulto em outro. Uma pequena agressão dissimulada em um “acidente” e pouco a pouco atos de violência se fazem mais frequentes e intensos.
    A medida que o dominante se sobrepor ao que se deixa, consegue comprovar seu poder e, assim, desfruta desse, pois está alimentando sua autoestima e consequentemente continua exercendo seu poder através da violência (bulling), pois é assim que nutre o seu ego transformando-se no pesadelo do seu comandado.
Para finalizar, o que podemos fazer para evitar e erradicar o bulling da sociedade escolar? Primeiramente prestar muita atenção nos modelos sociais que determinamos às crianças como padrão.         Estarmos atentos e analisando frequentemente atitudes apresentadas nos meios de comunicação de massa a que se tem acesso bem como às mensagens que frequentemente recebem. Manter o diálogo aberto sempre para a discussão sobre seus atos, sem defendê-los, cuidando para que não se sintam culpados, porém que sejam responsabilizados por suas atitudes salientando a importância do que vem fazendo. Educar no respeito e na tolerância. E acima de tudo ensinando a criança a colaborar e a ajudar aos seus pares uma vez que o poder não tem que ser sinônimo de superioridade.

Flavia Bartelli/psicopedagoga

17/02/2016.




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