terça-feira, 8 de março de 2016

Como educar os filhos para a vida no século XXI - destaque para a educação emocional

Educando para a vida no século XXI - destaque para a educação emocional

A educação dos filhos é um assunto que sempre está na pauta do sistema educacional e não só mantém os pais em constante estado de alerta, mas a escola e toda as instâncias da sociedade.
Espera-se sempre que o amor e a dedicação que a eles são dedicados os transforme em adultos de sucesso, responsáveis, conscientes de sua função social.
Entretanto, nosso instinto de proteção, e digo nosso, pois me incluo nessa categoria de pais, faz com que desejamos que nada de mal aconteça a eles, que sempre estejam seguros e que nada os desvie de um futuro promissor e feliz.
Para isso, investe-se tudo o que que é possível em alimentação, vestuário, saúde e educação. Procuramos desenvolver suas habilidades ao máximo com atividades extracurriculares, monitoramos suas amizades e na adolescência seus “amores”. Um trabalho árduo vinte e quatro horas no dia, trezentos e sessenta e cinco dias no ano, ininterruptamente.
Entretanto, deixamos escapar pequenos detalhes que na adultez fará grande diferença. Esquece-se da educação emocional. Esquece-se de educa-los para que sejam adultos emocionalmente preparados para as adversidades. A educação emocional hoje é um grande vácuo tanto na educação de competência dos pais, como nos atuais currículos escolares.
A educação “das emoções” ocupa um espaço muito pequeno, quase inexistente na vida atual de nossos filhos e por isso o “produto” dessa educação, centrada apenas no conhecimento, na competitividade e na busca do sucesso financeiro acarreta consequências trágicas para a sua vida.  Como consequência, nos deparamos cada vez mais com adultos incapazes de lidar com suas próprias emoções, com seus problemas, buscando ajuda nos psicotrópicos.
Hoje a pedagogia e principalmente a psicopedagogia deve fazer frente a essa desvalia e orientar aos pais e educadores que o conhecimento é importante, mas que educar as pessoas para que saibam lidar com suas emoções é uma ferramenta da qual não se pode abrir mão, pois é por meio dela que teremos adultos mais fortes, capazes de evoluir pelos conflitos existentes e com futuro mais exitoso, pois estarão preparados para as adversidades do cotidiano.
Educar uma criança emocionalmente estável, forte, implica prestar atenção e estar consciente que são elas, as emoções, que controlam nossas atitudes comportamentais. A indagação que se faz aqui é, então, como identificar uma criança emocionalmente forte?
Uma criança emocionalmente estável, forte, é aquela capaz de identificar suas próprias emoções, seus estados emocionais, e a dos outros. É aquela capaz de perceber que há fatos que podem afetá-los positivamente ou negativamente, bem como aos outros e desenvolver atitudes que a conduzam a resolver esses conflitos. E como conseguir isso?
O que parece simples, e muitas vezes o é, parte do pressuposto de que os pais ajam como facilitadores, como mediadores nesse processo. Se é possível traçar um caminho para facilitar esse desenvolvimento, partimos das seguintes sugestões.
Estimular a competitividade
Primeiramente devo conceituar a que tipo de competitividade refiro-me. É aquela que nos faz permitir perceber quando somos capaz de manejar situações de conflito de maneira efetiva.  Para isso deve-se ajudar a identificar suas fortalezas e suas fraquezas. Orientar acerca dos problemas encontrados e da influência desses para com o próximo. Estimular a tomada de decisões e potencializar as suas habilidade e a de seus pares para a resolução de conflitos evitando-se a comparação e, acima de tudo evitar que o instinto de proteção não consinta que o impeçamos de desenvolverem a capacidade de resolver as situações adversas.
Estimular a (auto) confiança.
A confiança em si mesmo é a ferramenta que fundamenta a autoestima. Por isso devemos focar nas qualidades das crianças e expressá-las de forma clara e simples para que eles também possam percebê-las em si mesmos. Às suas atitudes exitosas, recompensá-los com elogios, evitando a recompensa material ou falsas consagrações. Nunca pressione a criança a ir além de sua capacidade.
Estimular os laços familiares e comunitários
O sentimento de pertencimento (a um a família ou a uma comunidade) traz segurança, faz com que nos sintamos queridos, necessários. Para isso devemos propiciar a participação em atividades de grupo, proporcionar reuniões para tomada de decisões em situações de conflito. Entretanto não devemos deixar de tratá-los com justiça e cumpra com suas promessas.
Estimular o desenvolvimento do sentimento de empatia
A empatia é a capacidade de se pôr no lugar do outro para compreender o que esse está passando. Ressalto que “se pôr no lugar do outro” não significa sofrer pelo outro, mas refletir sobre a importância da situação sofrida.
Assim, conversar sobre sentimentos de forma simples e clara permite que a pessoa entenda que fatos mudam. Lembrar que não queremos transformar a criança em juízes implacáveis em seu julgamento, pois agindo assim permitiremos o percebimento de que somos diferentes e sentimos diferente.
Estimular o autocontrole
O autocontrole pode ser treinado através de jogos ou brincadeiras de encenação lúdica. Permitir que a criança use o imaginário e a partir disso criar situações para que ela descreva sobre seus sentimentos em determinadas situações. Esse tipo de atividade ensina que as emoções surjam concomitantemente ou isoladamente e que podemos manejar bem com elas mesmo quando estivermos sozinhos. *
Trabalhar a consciência Global.
Não tem idade para se desenvolver a consciência global e quanto antes se começa melhor. A bem da verdade não existe idade para transmitir às crianças que suas ações podem afetar aos outros, ao planeta pois fazemos parte de uma unidade. Estamos unidos por um propósito global. Nesse caso é importante centrar as atividades em explicar os efeitos das ações do homem na natureza, criar o hábito de reciclar e da importância de manter o planeta saudável.  Uma atividade interessante é propor problemas conflitantes que envolvam atitudes que prejudiquem o meio ambiente e discutir medidas de resolução de problemas.
Estimular o enfrentamento
O enfrentamento é a capacidade que desenvolvemos de agir mediante um problema real, buscando soluções. O importante nessa habilidade é que ela nos ensina a não fugir dos problemas, a enfrentá-los; valoriza a importância de continuar as lutas sem se importar com o resultado, pois o que importa é o processo.  Quando a criança é muito pequena pode-se agir como mediador procurando ajuda-lo na (re)solução de conflitos.
O desapego/ a perda
Compreender que na vida tudo está em constante mudança, que pertence a um ciclo é importante. Mesmo necessitando de segurança todos precisamos compreender que tudo que começa tem um final. Por isso é importante celebrar cada término de uma determinada etapa da vida. O período da educação infantil (maternal), ensino fundamental, médio deverá ser celebrado. O ato de celebrar indica que uma etapa da vida se encerra, mas que outra se inicia.
Há uma tendência muito forte em nossa sociedade de encobrir das crianças a morte de alguns entes queridos ou amigos para evitar o sofrimento. Devemos ter consciência de que a morte também é um ciclo da vida, que ninguém é eterno. Ter um animal de estimação é uma boa estratégia para que compreendam o desapego ou a perda uma vez que seu ciclo de vida, normalmente, é mais curto e isso faz com que amadureçam e lidem com a morte de forma natural e madura.
Abordar esse tema é deveras conflitante, mas as experiências emocionais acima discorridas são apenas uma pequena parcela das que a vida nos propõe. Podemos, inclusive atestar a questão do desemprego. Na adultez nos deparamos com pessoas que perdem o emprego e fazem disso um ponto final e outras como o recomeço de uma nova etapa.
As experiências emocionais, as quais somos expostos no decorrer de nossa existência, transformam nossa visão de mundo e consequentemente nossa conduta frente aos problemas. Proporcionando que a criança viva todo o tipo de experiência emocional estamos favorecendo que elas desenvolvam estratégias de lidar com essas emoções e sejam mais capazes de enfrentar os problemas advindos do ciclo vital.
Muito embora não haja um manual de como sermos pais perfeitos, reitera-se que a aprendizagem se faz no dia a dia com a colaboração de todos os que fazem parte de nosso meio, com suas diferentes opiniões, e que o amor incondicional que os pais nutrem por seus filhos somados à intuição nos conduzirão ao que esperamos ser o melhor para eles, mesmo que se erre, porque assim como eles estamos num processo contínuo de aprendizagem.
Flavia I.M. Bartelli
Psicopedagoga
·         *a casa das emoções (jogo)



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