quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A escola regular e a criança com Síndrome de Asperger. (Parte ¹)

A escola regular e a criança com Síndrome de Asperger.
Parte um.
ASPERGER           

As crianças com Síndrome de Asperger não têm o mesmo perfil de comportamento e aprendizagem que as crianças com Autismo e as unidades específicas das escolas para crianças com Autismo não são adequadas para quem sofre da Síndrome de Asperger. Quem sofre com essa síndrome não têm uma enfermidade mental explícita e, portanto o atendimento pedagógico e psicopedagógico será totalmente voltado para a necessidade expressa em cada caso.
Ainda que a criança com Asperger possa apresentar dificuldades específicas de aprendizagem ela não será aspirante em receber atenção específica e isolada. Cabe a administração da educação pública, dispor de todos os recursos, serviços e políticas adequadas para a inserção dessas crianças nas escolas regulares de ensino.
Enfatizo que em primeiro lugar, tanto a família como a equipe docente necessitam adquirir experiência e conhecimento nesta área bem como dispor de acesso aos diferentes recursos e programas específicos.


Não se pode determinar que uma investigação sobre as etapas da aprendizagem e a variedade de recursos disponíveis para as pessoas com Autismo nos revela que a Educação dessas crianças requer uma experiência prévia. E exatamente o mesmo acontece com as crianças com Asperger. Os profissionais dessa área advertem sobre a necessidade de desenvolver conhecimentos específicos neste campo.
Desta forma, aos responsáveis pela educação cabe permitir que a equipe docente tenha total acesso a estes profissionais para receberem conselhos e pautas de trabalho. O profissional especializado por meio de visitas  as aulas para observar à criança e com base nessa observação propor pautas, estratégias e até recursos bem como propor formação específica. Essa formação, quando a distância é empecilho,  o profissional poderá utilizar-se, como apoio ias novas tecnologias de comunicação, como vídeos conferências.
Os pais também poderão ser fonte de apoio provendo o professor de informações necessárias através do uso das diferentes formas de comunicação midiáticas (e-mail, Messenger, Wpp) específicas. Ainda que os pais não sejam especialistas acerca da Síndrome de Asperger, são especialistas em seus filhos e em serem pais de crianças com Asperger, Em suas histórias de acompanhamento no desenvolvimento da criança os pais são “experts” na questão da personalidade e do caráter bem como no êxito ou fracassos dessas estratégias.
Lembrando sempre que quando uma escola adquire a experiência necessária, ela aumenta o êxito e a reputação de si mesma podendo se tornar referência nessa inserção e aumentar o número de crianças com dificuldades similares onde pais e profissionais têm-na como guia informal de “escola boa”.
Cabe ressaltar que muitos dos programas de intervenção pedagógica em crianças com Síndrome de Asperger necessitam trabalho individual, em pequenos grupos e com monitoria. Ao pais cabe requerer os serviços de um professor de apoio onde seu papel é fundamental e complexo. Nesse caso suas principais atribuições seriam:
Proporcionar a socialização.
·      Auxiliar a criança a ser mais sociável, cooperativo e flexível tanto quando trabalha como quando em atividades lúdicas.
·      Auxiliar a criança no reconhecimento e aprendizagem das regras/normas sociais de conduta escolar.
·      Dar atenção personalizada ao manejo e compreensão das emoções. Atenção afetiva.
·      Trabalho e apoio no desenvolvimento das habilidades sociais e em quipe.
·      Apoiar a criança no desenvolvimento do interesse como meio de melhorar a motivação para o conhecimento.
·      Por em prática um programa destinado à motricidade fina e ampla.
·      Trabalhar e delinear estratégias na Linha da Teoria da Mente para melhor compreender os outros e o desenvolvimento da empatia social.
·      Fomentar as habilidades de conversação.
·      Oferecer  atividades de reforço escolar nas questões de aprendizagem em conjunto com a família.
·      Trabalhar com a sensibilidade afetiva e sensorial (Estimulação sensorial).
Desta forma o professor de apoio ou assistente estará promovendo um programa delineado por professores, pais, terapeutas e especialistas focados no comportamento emocional, cognitivo, lingüista bem como as habilidades motoras e sensoriais.
Quando as entidades públicas não atendem suas obrigações cobrindo este assistente de apoio, as famílias podem apoiar com seus próprios recursos financeiros sem esquecer, no entanto, de que ao profissional de apoio caberá  receber formação sobre Asperger.
O mais aconselhável é que a criança com Asperger estude na classe regular de ensino e não numa instituição ou centro educacional específico. Partilho com muitos profissionais a ideia de que a inclusão educacional (quando possível*) na escola regular proporciona que a criança faça parte de um grupo de colegas companheiros com comportamento social distinto para que a criança sinta-se motivada intelectual e socialmente.
Diante da falta de comprometimento das entidades públicas,  da falta de formação especializada específica, com um sistema de saúde que prima pela cura e não pela prevenção e apoio familiar, qual o conceito de uma “escola boa”?
O relato de inúmeros colegas professores e por experiência própria, apesar de haver escolas que atendam a inclusão de forma natural e eficiente algumas características são imprescindíveis, entre elas o acesso a recursos pedagógicos e psicopedagógicos, à formação contínua do professor titular e de apoio, o acesso a recursos entre os muitos dispostos e à tecnologia e de planos pedagógicos que contemplem a educação especial como algo natural e necessário.
Quando contemplamos a Síndrome de Asperger apontamos uma educação flexibilizada, com planos de estudos específicos que contemplem a aprendizagem cognitiva e social para poder acomodar às crianças de forma adequada percebendo os aspectos positivos.
Isolamento social.
Deve ser uma inclusão que contemple a visão de mundo a partir da perspectiva da criança. Que seja uma educação alegre, mas eficiente uma vez que a criança com Asperger se mostre em algum momento muito feliz e em outra muito introspectiva e contrariada. Num dia pode estar muito concentrada, sociável e aprendendo no ritmo das outras crianças. Noutro pode estar absorta em si mesmo, aparentando falta de confiança e sem habilidade motora e social. Nestes dias o conveniente é que o professor de apoio se concentre em revisar as atividades já aprendidas.

Ser paciente nesse caso não significa ser relapso, significa esperar que “o vento se torne uma brisa”, que o “mar se acalme” que “a maré baixe”. Significa esperar que a criança avance na aprendizagem novamente. 

Flávia Inês Moroni Bartelli
Professora/Psicopedagoga

Estudar é o melhor caminho!

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