terça-feira, 12 de abril de 2016

Falsos mitos sobre a Síndrome de Asperger pelos meios de comunicação


Falsos mitos sobre a Síndrome de Asperger pelos meios de comunicação
Na linha de se repudiar os “Mitos sobre os Transtornos do Espectro do Autismo” confundidos com o Transtorno de Asperger tomarei como referência as informações publicada pela Federação Espanhola dos portadores de Síndrome de Asperger uma vez que os meios de comunicações vêm apresentando idéias errôneas sobre esse transtorno.
Por sua vez, se os meios de comunicação difundem idéias e conceitos errados sobre a Síndrome de Asperger, se torna obvio que essas informações se tornam verdadeiras para a população em geral.
Assim, é de fundamental importância que esses falsos conceitos e erros que são passados, simplesmente, por desconhecimento sejam esclarecidos através da informação adequada para evitar sua disseminação.
Quando se afirma que a Síndrome de Asperger é “um tipo leve de Autismo ou um Autismo leve” se faz necessário esclarecer que são dois transtornos diferentes.  A Síndrome de Asperger é classificada como um transtorno do desenvolvimento geral e que tem uma trajetória diferente do Autismo (incluindo os de Alto Funcionamento) o qual não pode ser comparado, muito embora esteja classificado como tal pela DSM-V.
A Síndrome de Asperger não é uma doença. Não é transmitida de pessoa a pessoa nem tampouco são doentes mentais. É apenas um Transtorno do Desenvolvimento. É como dizer que o desenvolvimento se dá de uma forma, ou maneira alternativa ao da maioria da população estatisticamente normal. Supõe-se como uma tipicidade da neurodiversidade.
Outro aspecto levantado pela Associação é que a síndrome de Asperger se manifesta nos primeiros anos da infância e, portanto é um transtorno infantil. Mas como é um transtorno crônico do desenvolvimento e do processamento da informação que persiste ao longo da vida adulta ela não é diagnosticada, em muitos casos, quando já na vida adulta.
Por estar presente em toda a história do desenvolvimento do indivíduo fica muito difícil o diagnóstico precoce, uma vez que todos os sintomas característicos da síndrome vão aparecendo com o desenvolvimento da criança de acordo com as competências sociais que desenvolvem e por isso os sintomas ficam mais evidentes quando a criança atinge a idade entre 4 e 5 anos aproximadamente.
Por ser um transtorno que prejudica as relações sociais pode-se afirmar que há um grande problema com a empatia interpessoal, mas não se pode concluir que, quem sofre de Asperger não é empático, porém só acontece quando são conscientes das emoções do outro e a expressão de suas emoções não podem ser comparadas com os padrões sociais da maioria. Por sua vez nem sempre essa expressão empática é percebida pela maioria das pessoas uma vez que ela pode estar ligada ao déficit geral e profundo das relações sociais de quem sofre de Asperger.
Não se pode afirmar também que quem sofre de Asperger tem um perfil especial de personalidade. Por ser um Transtorno neurológico do desenvolvimento supõe-se uma alteração permanente no processamento da informação e isso, consequentemente, incorre a vários tipos de personalidades com perfis comuns, mas totalmente atípicos e ao que é determinado pela neurobiologia.
Outro mito que os meios de comunicação impõe a quem tem Asperger é que são “muito inteligentes”. Não se pode afirmar que não o são, mas a super inteligência a eles atribuída só acontece em alguns casos e que se caracterizam por ser do tipo lógico ou impessoal. O que se pode afirmar é que uma vez que a alteração no processamento dos estímulos sociais e as dificuldades para entender o mundo social e suas relações estão sempre presentes e por isso sua inteligência está geralmente no âmbito da normalidade.
Quanto à linguagem, os acometidos com a Síndrome de Asperger apresentam uma linguagem formal correta e que muitas vezes é confundida com presunção devido à alteração do volume da voz e ou outras características próprias da função pragmática da linguagem alterando o uso social da mesma.
Outra característica da linguagem no Asperger é o uso literal da palavra o que dificulta a interpretação de situações corriqueiras por não terem a capacidade de compreender o duplo sentido das palavras ou as ironias a elas implicadas.
Em alguns casos é percebido, também um leve atraso na aquisição da linguagem os quais são atingidos por volta dos 5 ou 6 anos de idade.
Quanto ao que se afirma que as crianças com Síndrome de Asperger são agressivas é outro mito a ser contradito. As crianças com Asperger não são em absoluto agressivas; são os alunos menos agressivos num contexto de sala de aula.
A agressividade se dá, simplesmente por questões relacionadas à sua dificuldade de socialização; causa e motivo justificado dada sua percepção diferente dos fatos e por estarem constantemente sendo alvo de bulling escolar, condutas de exclusão social e terem que responder a pressão contínua de classes regulares de ensino.
Vale salientar que o bulling escolar e a exclusão normalmente não são percebidos pelo professor, pois elas se manifestam de forma muito sutil e, lamentavelmente quando o aluno com Asperger chega ao limite do que pode aguentar, sua resposta não é sutil nem mesmo tranqüila, mas sim violenta e rápida o que transforma a situação como o ápice do evento transformando-o no responsável pela situação de exclusão e bulling.
Flávia I. M. Bartelli
Psicopedagoga.


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