Falsos mitos sobre a Síndrome de Asperger pelos meios de comunicação
Na linha de se repudiar os “Mitos sobre os Transtornos
do Espectro do Autismo” confundidos com o Transtorno de Asperger tomarei como referência
as informações publicada pela Federação Espanhola dos portadores de Síndrome de
Asperger uma vez que os meios de comunicações vêm apresentando idéias errôneas
sobre esse transtorno.
Por sua vez, se os meios de comunicação difundem idéias
e conceitos errados sobre a Síndrome de Asperger, se torna obvio que essas
informações se tornam verdadeiras para a população em geral.
Assim, é de fundamental importância que esses falsos conceitos e erros
que são passados, simplesmente, por desconhecimento sejam esclarecidos através
da informação adequada para evitar sua disseminação.
Quando se afirma que a Síndrome de Asperger é “um tipo leve de Autismo
ou um Autismo leve” se faz necessário esclarecer que são dois transtornos
diferentes. A Síndrome de Asperger é
classificada como um transtorno do desenvolvimento geral e que tem uma trajetória
diferente do Autismo (incluindo os de Alto Funcionamento) o qual não pode ser
comparado, muito embora esteja classificado como tal pela DSM-V.
A Síndrome de Asperger não é uma doença. Não é transmitida de pessoa a
pessoa nem tampouco são doentes mentais. É apenas um Transtorno do Desenvolvimento.
É como dizer que o desenvolvimento se dá de uma forma, ou maneira alternativa
ao da maioria da população estatisticamente normal. Supõe-se como uma tipicidade
da neurodiversidade.
Outro aspecto levantado pela Associação é que a síndrome de Asperger se
manifesta nos primeiros anos da infância e, portanto é um transtorno infantil.
Mas como é um transtorno crônico do desenvolvimento e do processamento da
informação que persiste ao longo da vida adulta ela não é diagnosticada, em muitos
casos, quando já na vida adulta.
Por estar presente em toda a história do desenvolvimento do indivíduo
fica muito difícil o diagnóstico precoce, uma vez que todos os sintomas característicos
da síndrome vão aparecendo com o desenvolvimento da criança de acordo com as competências
sociais que desenvolvem e por isso os sintomas ficam mais evidentes quando a criança
atinge a idade entre 4 e 5 anos aproximadamente.
Por ser um transtorno que prejudica as relações sociais pode-se afirmar
que há um grande problema com a empatia interpessoal, mas não se pode concluir
que, quem sofre de Asperger não é empático, porém só acontece quando são
conscientes das emoções do outro e a expressão de suas emoções não podem ser
comparadas com os padrões sociais da maioria. Por sua vez nem sempre essa
expressão empática é percebida pela maioria das pessoas uma vez que ela pode
estar ligada ao déficit geral e profundo das relações sociais de quem sofre de
Asperger.
Não se pode afirmar também que quem
sofre de Asperger tem um perfil especial de personalidade. Por ser um
Transtorno neurológico do desenvolvimento supõe-se uma alteração permanente no
processamento da informação e isso, consequentemente, incorre a vários tipos de
personalidades com perfis comuns, mas totalmente atípicos e ao que é determinado
pela neurobiologia.
Outro mito que os meios de comunicação
impõe a quem tem Asperger é que são “muito inteligentes”. Não se pode afirmar
que não o são, mas a super inteligência a eles atribuída só acontece em alguns
casos e que se caracterizam por ser do tipo lógico ou impessoal. O que se pode
afirmar é que uma vez que a alteração no processamento dos estímulos sociais e
as dificuldades para entender o mundo social e suas relações estão sempre
presentes e por isso sua inteligência está geralmente no âmbito da normalidade.
Quanto à linguagem, os acometidos com a
Síndrome de Asperger apresentam uma linguagem formal correta e que muitas vezes
é confundida com presunção devido à alteração do volume da voz e ou outras
características próprias da função pragmática da linguagem alterando o uso
social da mesma.
Outra característica da linguagem no
Asperger é o uso literal da palavra o que dificulta a interpretação de
situações corriqueiras por não terem a capacidade de compreender o duplo
sentido das palavras ou as ironias a elas implicadas.
Em alguns casos é percebido, também um
leve atraso na aquisição da linguagem os quais são atingidos por volta dos 5 ou
6 anos de idade.
Quanto ao que se afirma que as crianças
com Síndrome de Asperger são agressivas é outro mito a ser contradito. As
crianças com Asperger não são em absoluto agressivas; são os alunos menos agressivos
num contexto de sala de aula.
A agressividade se dá, simplesmente por
questões relacionadas à sua dificuldade de socialização; causa e motivo
justificado dada sua percepção diferente dos fatos e por estarem constantemente
sendo alvo de bulling escolar, condutas de exclusão social e terem que
responder a pressão contínua de classes regulares de ensino.
Vale salientar que o bulling escolar e
a exclusão normalmente não são percebidos pelo professor, pois elas se
manifestam de forma muito sutil e, lamentavelmente quando o aluno com Asperger
chega ao limite do que pode aguentar, sua resposta não é sutil nem mesmo tranqüila,
mas sim violenta e rápida o que transforma a situação como o ápice do evento
transformando-o no responsável pela situação de exclusão e bulling.
Flávia I. M. Bartelli
Psicopedagoga.
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