Como lidar com O TDAH nas férias
Aprender a lidar com crianças que sofrem com o TDAH nas férias é
fundamental e se a família quer evitar problemas e ao mesmo tempo que corra
tudo bem nesse período, deve planejá-lo com muita responsabilidade.
O ano letivo, ou parte dele está acabando. As coisas (avaliações,
aulas, aprendizagem) podem ter sido boas, mas também não muito. Entretanto
tenham sido como tal, o certo é que se deve preparar a criança com TDAH para o
final do curso e o início das férias.
Primeiramente deve-se fazer uma avaliação sobre os resultados obtidos
no ano. Houve estresse na escola regular? Quais foram os aspectos mais
estressantes? E o reforço escolar extraclasse, apresentou melhoras no
rendimento da aprendizagem? A criança deu conta de todas as atividades impostas
(natação, música, auto defesa,...)? A criança respondeu ao tratamento
farmacológico?
Como se sabe, o ano letivo é muito complicado para pais de crianças com
TDAH. O período de férias é sempre um tempo em que se espera “descansar” de
tudo o que trouxe transtorno.
Mas para que a criança não sofra mais a cada início de ano letivo, a
família que sofre com quem tem TDAH deve usar o período de férias de forma a
propiciar momentos de reforçar as atividades que envolvam a aprendizagem do ano
findouro e o apoio do que foi trabalhado no ano.
Que sejam. As situações do cotidiano de quem tem TDAH, nem sempre são
como esperamos que fossem. Algumas coisas saem bem, outras nem tanto. Superar
as atividades advindas da escolarização acadêmica, as longas horas de estudo; o
investimento com a equipe multidisciplinar, as discussões habituais de como,
quando e o que estudar (lembrando da rotina pré-estabelecida) parecem tarefas
intermináveis.
Por tudo isso, as férias devem ser planejadas para que se aproveite ao
máximo, mas também manter o foco no ano letivo seguinte.
Alguns médicos são adeptos de se interromper a medicação nesse período.
Compreendo essa posição, embora não corrobore com ela.
Por quê?
Pelo simples fato de a criança estar propensa a conhecer e conviver com
novas crianças, ter mais liberdade nas atividades e com isso pode incorrer nas
questões da conduta inapropriada gerando uma frustração ainda maior por não
conseguir relacionar-se tampouco com crianças que não pertençam ao seu círculo
comum de convivência. E ainda, levar a criança a buscar atividades que não
favoreçam as relações interpessoais, tornando-as crianças cada vez mais solitárias
e isoladas.
Assim, as férias são um período em que se deva aproveitar para otimizar
vários fatores. Entre eles o retorno às aulas regulares.
Como? Criando estratégias para desenvolver todas as suas capacidades reforçando
o que foi aprendido no ano letivo anterior de forma mais paradidática e lúdica.
Estimular a criança a manter uma rotina de atividades de estudo como forma de
prepará-lo para seguir com seus estudos.
O descanso é necessário. Atividades de relaxamento são recomendáveis.
Manter uma rotina de atividades físicas, imprescindíveis. Mas tudo isso pode
ser feito mantendo-se o foco na dificuldade de aprendizagem e em como
minimizá-la nos anos subsequentes.
Reconhece-se que pode parecer complicado passar um período de férias
planejando horas de estudo. Nem sempre se está dispostos. Sem computar que não
se pode contar com escolas especializadas nesse sentido. Entretanto não podemos
esquecer o quanto foi atribulado o caminho a se chegar aonde se chegou com a
criança. Valorizar os seus progressos.
Lembrar dos percalços para que sirvam de motivação para continuar investindo. O
mais importante é valorizar os motivos que te fizeram fazer o que tinha que ser
feito e aproveitar as férias para treinar ao máximo as habilidades que a
criança adquiriu e objetivar os que ainda não atingiu para que possa
superá-los.
Há de se compreender que nem tudo será perfeito para quem sofre com o
TDAH. Conscientizar-se de que algumas crianças podem levar mais tempo do que
outras para assimilar alguns objetivos.
Saber e aceitar que em determinada situação é preciso repetir o ano
letivo para não aumentar o seu declínio cognitivo para que se oportunize
reconstruir sua aprendizagem em nível correspondente.
E, mesmo que se opte por esse caminho, nada garante que a criança em
determinado momento não vai incorrer em repetir os mesmos erros e apresentar as
mesmas dificuldades. Para quem tem TDAH nada é garantido e dado como certo.
Entretanto, o que de melhor me parece é que devemos estar sempre
atentos a proporcionar momentos de aprendizagem conjuntamente com os meios
neuropsicológicos e assim poder-se estar vivenciando uma aprendizagem com
progresso contínuo e ininterrupto.
Flávia Inês Moroni Bartelli
Professora/psicopedagoga
Estudar é o melhor caminho!
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