quarta-feira, 11 de maio de 2016

Depressão: 3 coisas que se detesta ouvir.

Depressão: 3 coisas que se detesta ouvir.

          Quem nunca teve que lidar com alguma pessoa que não conhece sobre determinado contexto e decide discorrer sobre tal.
       A depressão, mesmo em pleno século XXI é a mais rotulada de todas as enfermidades por convencionalismos e por comentários execráveis como “não é doença, é frescura”;   “falta de fé” ou não crê em Deus;  medicamento para quê? - o que faltou foi laço, punição, surra, limites quando criança; e assim continuamente.
        Só para auxiliar os que leem meus parágrafos, muito embora prefira escrever sobre Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) o preconceito contra as pessoas que têm transtornos e deficiências mentais denomina-se psicofobia o que por sua vez é crime (PLS 236/2012).
      Ao longo da história, doentes mentais foram acusados de feitiçaria ou de serem possuídos por demônios. Nos tempos modernos, com a evolução da  psiquiatria e da psicologia, verificou-se que essas pessoas tinham doenças mentais e não demônios ou quaisquer outras elucidações absurdas já mencionadas. O preconceito contra os portadores de doenças mentais ainda é muito grande e apenas a informação sobre o assunto pode atenuar o preconceito. 
       Após uma análise das afirmações acerca dos rótulos preconceituosos de quem sofre de depressão, encontrei três que se sobressaem nos discursos conflagrados de quem ignora sobre o tema.
1.       “Depressão é frescura”
Quando se percebe o falar de alguém que nomeia a depressão como “frescura”,  indago-me sobre a lucidez de pensamento e o discernimento sobre o considerar uma doença como frescura. É mais ou menos como dizer que o diabético sente muita vontade de comer doce (e não pode) por frescura. Que o hipertenso não sente o sabor do sal  (e por isso salga seu alimento) já que não pode, por frescura. Porque todos eles _ o depressivo, o diabético, o hipertenso _ simplesmente, gostam de chamar a atenção.
Quem trata a depressão como frescura é porque nunca entenderá a verdadeira “dor” que está por trás dela.
2.       Depressão é falta de Fé  -  De crer num determinado Deus”
É mais uma forma preconceituosa de ver a doença.  Afinal  ao se apregoar que Deus é amor e criador de todos os seres, que Deus seria esse que atribui tamanha dor na sua criação? Que se falaria então de um câncer, de uma paralisia cerebral...
Amar a Deus não impedirá ninguém de sofrer mais ou menos. De ter doenças ou não. De matar ou não. Nem sempre a religião poderá resolver  problemas em nossas vidas, até porque tem quem mata em nome e por amor a Deus. Fé é fé. Deus é Deus. E Doença é doença e em hipótese alguma ela está relacionada à religiosidade de uma pessoa. Até porque inúmeras pessoas cuja fé é inabalável e mesmo assim são acometidas por doenças, inclusive a depressão.
3.       “Remédio para quê?”
Quando se fala da importância do tratamento medicamentoso para a depressão, nos deparamos com os seguintes comentários. Você precisa do remedinho da alegria? Um para acordar e um para dormir?
A forma irônica como algumas pessoas que desconhecem o que realmente seja a depressão como um quadro clínico é a forma como a tratam.
É certo que nem toda doença precisa de medicamento, mas toda doença precisa ser tratada. Então por que seria diverso com a depressão? E afirmo ainda. Às vezes, adjunto ao medicamento junta-se a psicoterapia, tamanha complexidade.
     Então se percebe o preconceito quando no calor da discussão advém o entusiástico conselho _ você já tentou se auto controlar?_ numa sugestão inócua de “abandone esse medicamento”.
     Sim. É fato. Poucos ainda reconhecem a necessidade da utilização de medicamentos  para a cura ou controle da depressão. Muitos ainda vão afirmar que só terapia basta.
     Fato também é que, em alguns casos, o indivíduo consegue superar e lidar bem com a depressão sem o uso de medicação, mas isso não sugere que ele não seja necessário e fato é que quem determina isso é o especialista (clínico) e não o amigo que pressupostamente deveria te acolher como tu és e não como gostaria que fosses.


    Flávia Bartelli
   Psicopedagoga

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