domingo, 22 de maio de 2016

SER - um verbo a ser conjugado. (REFLEXÕES)

SER - um verbo a ser conjugado.


As adversidades da vida, desde nossa infância, com as pessoas com as quais nos relacionamos vai nos transformar em “algo” ou alguém _ parafraseando com Nietzsche e, particularmente, prefiro ser “alguém”, porque “ ¹O mal mais bem sucedido/Vem sempre vestido de amigo”.
Nada é mais perigoso do que o mal que vem caracterizado de bem. Tanto o bem como o mal, podem nos fazer o mal, pois nos conhece no nosso mais íntimo “ser”. Ambos conhecem o âmago do nosso eu. Mas a escolha está em “fazer ou não fazer o mal, eis a questão".
No entanto a pergunta está em “o que nós damos de nós ao outro para que use contra ou a favor de nós?
Mesmo inconscientemente acabamos dando “armas” ao nosso “ amigo “. Algumas que não queremos encarar ou por não saber como ou por não termos o necessário para tal. E por isso, só por isso, é que conferimos a ele a responsabilidade de nos auxiliar. É nosso medo de ser, de agir, de pensar, de confrontar, de sentir e de talvez viver que depositamos no outro nossas esperanças.
É como se o outro tivesse a responsabilidade de nos conduzir na difícil tarefa de distinguir o certo do errado.
Não devemos criar expectativas com os “alguéns” que nos acompanham em nossa caminhada. Ninguém vai preencher nossos vazios, satisfazer nossos desejos, ser nossa cara-metade. Vivemos num mundo onde não existe mais metade de nada. Ninguém vai ao mercado para comprar a metade de uma laranja. Somos a laranja inteira. E assim como quando nos relacionamos com alguém. Somos o que somos e o outro é o que é. Podemos mascarar por um tempo, mas não infinitamente Por isso é que quando um relacionamento é feito apenas pela metade de cada um, não é completo. Sempre vai faltar algo. Duas metades, não se completam. “Não existe metade quando o assunto é vida. ¹” E com isso e por isso pode-se afirmar que metade de ninguém completa a vida de alguém.
Nossas escolhas são somente nossas. Não podemos nem temos a permissão de escolher pelo outro.
Quando decidimos sair da casa, do amparo, do conforto, do ombro sempre pronto a nos amparar de nossos pais, não podemos usar a metade de alguém para justificar. A metade de alguém não é bengala, pois até esta terá que ser inteira e não meia para ser eficaz.
Trata-se aqui apenas de nossas escolhas e acima de qualquer fato, de nosso compromisso com o outro.
Corremos o risco de que quando usamos a metade de alguém em nosso propósito, dividir essa metade em um quarto dela mesma. Aí então o nosso bem se torna o mal do outro.
As pessoas que nos acompanham são as que nos definem, e elas serão aquilo que nós somos, pois quando frágeis, é por que somos frágeis. Quando são desmotivadas é porque nós já estamos numa zona de conforto. Quando egoístas é porque somos egoístas.
Não há colóquio que concerte o que somos. São as atitudes que concertam. Temos nossa vida em nossas mãos. Nem sempre seremos o bem, mas muitas vezes seremos o mal. Cabe analisar se seremos  “o mal necessário”.
O certo é que temos o dever de sermos cautelosos com a metade do meu eu e com a metade do meu outro.
A mera racionalização, imponderação, egoísmo e tantos outros adjetivos  poderão estar acabando com o eu do outro por inteiro, mas não deixará de acabar com uma pequena parte do meu eu.
Por quê? Porque somos o que somos. Somos inteiros e não metade de um ser qualquer. Sou o imponderado de mim mesmo.  Não sou insubstituível, mas posso me tornar substituível a qualquer momento. Tudo vai  depender da metade que usufruí de mim  para eu mesmo. E com diz Nietzsche, “ Uma alma que se sabe amada, mas que por sua vez não ama, denuncia o seu fundo: - vem à superfície o que nela há de mais baixo.”²

Flávia  Inês Moroni Bartelli
Professora/ psicopedagoga.  

¹ Verusca Queirozfonte - @obvious. on tweeter.

²  Friedrich Nietzsche  –fonte - http://pensador.uol.com.br/

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