SER - um
verbo a ser conjugado.
As
adversidades da vida, desde nossa infância, com as pessoas com as quais nos
relacionamos vai nos transformar em “algo” ou alguém _ parafraseando com Nietzsche e, particularmente, prefiro ser “alguém”, porque “ ¹O mal mais bem sucedido/Vem
sempre vestido de amigo”.
Nada é mais
perigoso do que o mal que vem caracterizado de bem. Tanto o bem como o mal,
podem nos fazer o mal, pois nos conhece no nosso mais íntimo “ser”. Ambos
conhecem o âmago do nosso eu. Mas a escolha está em “fazer ou não fazer o mal,
eis a questão".
No entanto a pergunta está em “o que nós damos de nós ao outro para que use contra ou a favor de nós?
Mesmo
inconscientemente acabamos dando “armas” ao nosso “ amigo “. Algumas que não
queremos encarar ou por não saber como ou por não termos o necessário para tal.
E por isso, só por isso, é que conferimos a ele a responsabilidade de nos
auxiliar. É nosso medo de ser, de agir, de pensar, de confrontar, de sentir e
de talvez viver que depositamos no outro nossas esperanças.
É como se o
outro tivesse a responsabilidade de nos conduzir na difícil tarefa de distinguir
o certo do errado.
Não devemos
criar expectativas com os “alguéns” que nos acompanham em nossa caminhada. Ninguém
vai preencher nossos vazios, satisfazer nossos desejos, ser nossa cara-metade.
Vivemos num mundo onde não existe mais metade de nada. Ninguém vai ao mercado
para comprar a metade de uma laranja. Somos a laranja inteira. E assim como
quando nos relacionamos com alguém. Somos o que somos e o outro é o que é.
Podemos mascarar por um tempo, mas não infinitamente Por isso é que quando um
relacionamento é feito apenas pela metade de cada um, não é completo. Sempre
vai faltar algo. Duas metades, não se completam. “Não existe metade quando o
assunto é vida. ¹” E com isso e por isso pode-se afirmar que metade de ninguém completa a vida
de alguém.
Nossas
escolhas são somente nossas. Não podemos nem temos a permissão de escolher pelo
outro.
Quando
decidimos sair da casa, do amparo, do conforto, do ombro sempre pronto a nos
amparar de nossos pais, não podemos usar a metade de alguém para justificar. A
metade de alguém não é bengala, pois até esta terá que ser inteira e não meia para ser eficaz.
Trata-se aqui
apenas de nossas escolhas e acima de qualquer fato, de nosso compromisso com o
outro.
Corremos o
risco de que quando usamos a metade de alguém em nosso propósito, dividir essa
metade em um quarto dela mesma. Aí então o nosso bem se torna o mal do outro.
As pessoas
que nos acompanham são as que nos definem, e elas serão aquilo que nós somos,
pois quando frágeis, é por que somos frágeis. Quando são desmotivadas é porque
nós já estamos numa zona de conforto. Quando egoístas é porque somos egoístas.
Não há colóquio que concerte o que somos. São as atitudes que concertam. Temos nossa vida em
nossas mãos. Nem sempre seremos o bem, mas muitas vezes seremos o mal. Cabe
analisar se seremos “o mal necessário”.
O certo é que
temos o dever de sermos cautelosos com a metade do meu
eu e com a metade do meu outro.
A mera racionalização, imponderação, egoísmo e tantos outros adjetivos poderão estar acabando com o eu do outro por inteiro, mas não deixará de acabar com uma pequena parte do meu eu.
A mera racionalização, imponderação, egoísmo e tantos outros adjetivos poderão estar acabando com o eu do outro por inteiro, mas não deixará de acabar com uma pequena parte do meu eu.
Por quê?
Porque somos o que somos. Somos inteiros e não metade de um ser qualquer. Sou o imponderado
de mim mesmo. Não sou insubstituível,
mas posso me tornar substituível a qualquer momento. Tudo vai depender da metade que
usufruí de mim para eu mesmo. E com diz Nietzsche, “ Uma alma que se sabe amada, mas
que por sua vez não ama, denuncia o seu fundo: - vem à superfície o que nela há
de mais baixo.”²
Flávia Inês Moroni Bartelli
Professora/ psicopedagoga.
¹ Verusca Queiroz – fonte - @obvious.
on tweeter.
² Friedrich Nietzsche –fonte - http://pensador.uol.com.br/
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