quarta-feira, 18 de maio de 2016

Lateralidade cruzada parte 2 (atividades para minimizar o problema)

Lateralidade cruzada parte 2
Caso esteja lendo esse artigo, possivelmente leste a parte um que foi técnica em demasia, mas imprescindível para compreendermos o que se passa fisiologicamente em quem tem lateralidade cruzada.
Resumidamente pontuemos alguns tópicos importantes:
·         Nosso cérebro é formado por duas partes simétricas; o hemisfério direito e o esquerdo  unidos por uma linha média denominada fissura sagital.
·         Cada um dos hemisférios cerebrais é responsável por controlar as funções do lado contrário de nosso corpo: o movimento, as sensações de frio, calor, a percepção da dor,...
·         Algumas funções complexas se repartem entre ambos os hemisférios, entre elas a visão.
·         Na  retina (capa neuro sensorial de nosso olho) existe:
·          Uma parte central, a macula, que percebe os detalhes e uma parte periférica que nos orienta no espaço e detecta os movimentos.
·         Se não houvesse mecanismos de controle neurológicos, poderíamos movimentar cada olho de forma individual como os camaleões. Isso acontece  em bebês até os seis meses aproximadamente, no estrabismo e são denominados pelos oftalmologistas de “ movimentos desconjugados”.
·         Vimos também que para que os olhos trabalhem conjuntamente é preciso que um deles decida o que vai centralizar. É o olho dominante.
As informações acima poderão ser encontradas nos sites relacionados. Entretanto ressalto aqui  a importância da avaliação oftalmológica infantil.
Essa avaliação é de extrema importância, leva cerca de 20 minutos e proporciona uma quantidade bastante significativa sobre as condições visuais da criança.
Entre esses testes podemos citar:
·         Cover test – permite comprovar se a criança tem estrabismo;
·         Mobilidade ocular – consiste em observar como se movem os olhos, deixando a cabeça firme se não há problemas e se os olhos movimentam-se em par e ao mesmo tempo.
·         Tamanho e retração da pupila – observa o tamanho das pupilas, se são redondas, se estão dilatadas, se reagem à luz ou a um objeto distante.
·         Agudeza visual mono e binocular – permite saber se a criança vê o que tem que ver. Os instrumentos são adequados à cada faixa etária.
·         Refração – permite que se detectem problemas de visão como miopia, hipermetropia ou astigmatismo e a partir desse exame constata-se a necessidade do uso de lentes corretivas (óculos).
Técnica simples para identificar olho dominante
Muito mais simples do que identificar qual o olho dominante é buscar averiguar a própria dominância ocular.  Vamos lá. Responda rápido:
Com que olho enxergas melhor?
Se já pensaste em um deles (direito ou esquerdo) seguramente já o descobriste.  Mas para corroborar com essa afirmação, certifique-se por meio deste simples teste. Forme um círculo com suas mãos, unindo os polegares da direita com o da esquerda, assim como com os indicadores. Determine um objeto distante e fixe o olhar através desse círculo observando que o objeto fique bem no centro do círculo.  Após feche o olho esquerdo e repita a operação. Faça o mesmo com o olho direito num espaço de 10 segundos.  O olho que mantiver a imagem centralizada é o olho dominante. As experiências também indicam que quem é destro tem no olho direito a dominância e quem é canhoto tem no olho esquerdo a dominância. Entretanto não é tão simples assim quando se fala em lateralidade cruzada. Se repetirmos a experiência de forma mais pausada poderemos notar que:
·         O objeto se move um pouco quando se olha com o olho dominante.
·         Se fixares o olhar em um objeto mais próximo notará menos movimento.
·         Se fixares o olhar em um objeto mais distante notará mais movimentos.
Mesmo assim é importante a verificação por um especialista (oftalmologista) uma vez que a determinação da acuidade visual é diferente quando monocular (com um olho tapado) e binocular (com ambos os olhos abertos).
Apesar de termos necessário conhecer o aspecto clinico da lateralidade cruzada, o que se tem que ter é o maior cuidado em relação à mudança da predominância lateral (mais especificamente à manual), pois isso incorreria em pretender-se modificar a dominância manual e essa não traria nenhuma garantias de que sua dificuldade de aprendizagem não se manifestasse; o que se percebe é que uma criança com lateralidade cruzada já enfrenta inúmeras dificuldades e com a tentativa da mudança teria mais uma, qual seja a de aprender a escrever com a mão não dominante.



Por isso, que cada vez mais frequentemente nos deparamos com crianças que têm habilidade ambidestra.
Quais seriam então as prováveis dificuldades de aprendizagem apresentadas por uma criança que tem lateralidade cruzada? Entre as mais citadas temos:
·         Dificuldade na leitura (pausada), na escrita (lenta) e na execução de cálculos.
·         Apresenta dificuldade de atenção e com muita frequência a hiperatividade.
·         Dificuldade de organização espacial e temporal.
·         Dificuldade na decodificação das informações obtidas.
·         Confunde-se muito com relação à lateralidade (esquerda/direita). Compreensão dos conceitos de dúzia, dezena, centena, cento,...
·         Confundem-se facilmente com os sinais da adição, subtração, multiplicação e divisão; símbolos de igualdade, maior ou menor bem como as sílabas inversas (sapo /asno) entre outros tais como ± ≠ ≤ ≥.
·         Apresentam-se desmotivados e uma escassez de interesse para algumas atividades.
·         Compreendem muito melhor as ordens verbais que as escritas. Preferindo com isso o cálculo mental do que o escrito.
·         Pode apresentar quadros de disgrafia, dislexia, discalculia, e pode inconscientemente expressar o contrário do que pensa.
·         Inversão de letras e números (espelhados).
·         Incapacidade de concentração numa única tarefa.
·         E, consequentemente pode manifestar inibição, irritabilidade, desesperança, baixa estima.

Entretanto, quando detectada a lateralidade cruzada, os pais podem auxiliar a criança com atividades lúdicas para reforçar a lateralidade, entre elas sugere-se:
- jogo dos sete erros .
- reconhecer e nomear as partes do corpo através de brinquedos (montar bonecos e vesti-los)
- reconhecer a posição de um determinado objeto em relação a outro reforçando as noções de direita, esquerda, embaixo, encima, atrás, na frente, ...
-lançar e apanhar objetos, balões, jogar amarelinha.
-brincadeiras de alternância de mãos.  Abrir e fechar as mãos rapidamente.
- Tocar cada dedo com o polegar da mão respectiva.
- Lançar objetos com uma mão e pegar  com outra.
-recortar, colar, montar,...
-escrever grupo de palavras que comecem com sílabas de simetria inversa.  ( este/sete, anta/nata,...).
-atividades com os olhos (movimentos para cima, para baixo,; olhar através de um tubo etc.)

-atividades de cobrir linhas, labirintos, pontilhados numéricos, etc.


Flávia Inês Moroni Bartelli
psicopedagoga

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