O outro dentro de mim _quanto ele merece de mim mesma
Caminhando na praia. |
Marcel Camargo em um de seus
artigos disse que “Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto
respirar". Por isso escrevo. É minha maneira de flexibilizar meus
questionamentos e expor um pouco do que sou e penso.
Temos a capacidade de considerar
algumas pessoas como necessárias, insubstituíveis em nossas relações. É mais ou menos como se não pudéssemos viver sem essa pessoa. Como se nossa vida dependesse
do respirar do outro. Do falar do outro. Do andar do outro.
Julgamos, muitas vezes que, sem
esse outro, nossa vida não faz sentido.
Muitas vezes colocamos algumas
pessoas num pedestal, num oratório e os veneramos como infinitos seres
superiores. Salvo engano! Não nos damos
conta de que é apenas uma enorme carga a qual nos atribuímos o dever de
carregar.
A mídia tenta controlar nossas
vidas vendendo a ideia de que devemos buscar a felicidade a qualquer preço. Assim,
quando percebemos, nossa vida está embaraçada numa trama desconexa baseada na vida de outras pessoas e
de frases descontextualizadas como se fossem o ápice do tudo que conheço. Faz-nos parecer donos de um conhecimento que
não temos. Faz-nos parecer inteligente.
Ao se valorizar tudo que não nos
pertence, tudo que está do outro lado das redes sociais faz-nos perseguir o
sonho do outro tornando-nos cada vez menos nós em nossa essência.
E, quando nos damos conta, estamos sufocados em uma teia muito bem tecida
por nós mesmos que perdemos a dignidade
e passamos a ser alvo de nossa própria humilhação.
Verdade! Quando nessa conjuntura,
conseguimos baixar tanto a estima por nós mesmos que nos auto-humilhamos para
agradar ao outro. Que nos diminuímos e nos submetemos aos dissabores de uma
relação que é insípida, simplesmente para nos mantermos perto daqueles que só
sabem sugar a nossa energia, como sinônimo de vida.
Marcelo Camargo numa frase
simples, mas no meu ponto de vista genial fala tudo o que ouvimos durante anos.
Coloca que “Não podemos aceitar menos do que merecemos e ninguém tem o direito
de determinar o quanto valemos.”
Muitas vezes esquecemos o quão
importante é fincar a nossa cabeça no âmago de nosso sofrimento. Sentir nossa
decepção e chorar por ela. Sofrer por nossas escolhas mal escolhidas, mesmo que
sejam redundantes e pleonásticas. Chorar o choro do choro. Gritar o mais alto
grito da dor (mais dolorida). Sofrer pela rejeição e pela desilusão para que
nos tornemos mais fortes, mais intensos, mais vivos e seguros do que somos.
Para sermos mais nós mesmos do que o outro.
Quem não nos aceita como somos
deve sair do nosso caminho, aquele que nos reduz a quase nada, deve ser trocado.
Aquele que só quer o que temos de melhor não o merece.
Assim, quando abraçamos uma atitude
crítica sobre o mundo em que vivemos e com quem vivemos poderemos aparar as
arestas tortuosas da vida e buscar a felicidade. Somente assim seremos felizes
sem esquecer de que primeiro temos que nos conhecer e nos redescobrir.
Flávia Inês Moroni Bartelli
Professora/psicopedagoga.
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